terça-feira, 19 de junho de 2007

Soluções domésticas

Vou ligar a máquina para lavar o cotidiano.
Prefiro que nossos problemas sejam centrifugados a permanecer com eles embolados no cesto de roupas sujas. Acumulados.

No varal, vou suspender a dor para secar as lágrimas. Quero minha alma encharcada de sol.

Esticarei nossos dias na tábua de passar e, cuidadosamente, insistirei em acabar com os amarrotados. Não é bom que os fios da vida se percam nesta teia de caminhos bifurcados.

Nossos momentos, vou esticar nos cabides para deixar nossa disposição a postos. Que tudo fique claro, limpo e disposto no guarda-roupa a espera do corpo que saiu do banho vestindo sabonete, nu dos problemas.

Quero deitar os desentendimentos até que durmam profundamente e acordem preguiçosos como a manhã de verão.

Farei um café para adoçar as palavras e um pão quente com manteiga para abafar a raiva que sai do estômago e toma conta da boca.

Eu mesma vou para a pia lavar com cuidado a louça do respeito. Não quero pratos nem copos trincados no armário da alma. Que o pano de pratos seque definitivamente as discussões.

Estamos com a casa limpa das desavenças.

É hora de amarrotar o lençol com a paixão para vestir nossa vida de amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi
cheguei neste blog por acaso. Estava visitando o blog das fotografias.
Resolvi ler. Maravilhoso o texto "soluções domésticas" !!!Obra prima!!É teu???
bjs
Paula Baena